sábado, dezembro 10, 2005

As asas

Sabe ali? Logo ali, entre as costelas e o coração, onde ficam guardadas as nossas asas e onde gelam todos os pavores... Ali, logo ali, onde me desfaço em mil, e me encontro em nada, sabe-se lá procurando o quê. Ando assim, ultimamente, procurando sem saber o quê. Guardei as asas. Logo ali. Entre as costelas e o coração. Perdi a calma nas costas. Corri longe da ilusão. Me trancafiei no mundo pequeno e metafisico chamado cotidiano. Aprendi a felicidade dinâmica que acontece, brutalmente com o dia que amanhece. Esqueci a poesia, escondida logo ali. Ando por milhões de passos no meu mundo, o mesmo mundo que se repete. E todas as aflições da alma que vem, não há espaços para os sonhos, ainda que seja preciso sonhar. Você. Você que não entende a minha intensidade e a minha vontade é partir. Partir para encontra sabe se lá o que. Eu quero a paz de todas as asas, que nos fazem fortes mas nunca felizes. Voar cansa. Amar machuca. Perder amadurece. Viver envelhece. Encaro o dia seguinte então. Para esse microcosmo, que é tão pequeno diante de tanta inspiração. Eu preciso de paixão, mas guardei as asas, ali, logo ali, entre as costelas e o coração. Procuro a paz nas costas. Vivo com os pés, sem a cabeça. Sem asas. Corro dentro de mim, então.

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