sábado, dezembro 31, 2005

Feliz ano novo

Um dia é muito pouco para se dizer sobre um ano. Um dia é muito pouco para se planejar um ano inteiro. Projetar é fácil, viver o projeto é que não é tão fácil assim...Reservo o dia para o dia. Que venha o ano. Sem grandes pensamentos, com todos os movimentos. Feliz ano novo! Te vejo em 2006!

terça-feira, dezembro 27, 2005

Subjetivo

Escrevo, praticamente aquilo que não se escreve. Cabeça vazia: casa do diabo! Tenho todo o tempo do mundo, quando não queria tê-lo. Minha cabeça roda e volta ao mesmo lugar. Queria ter uma exclamação, um ponto final ou qualquer coisa que se defina. Tenho uma vírgula, reticencias, ou qualquer outra coisa do gênero. Indefinido, como não poderia ser... Basta ter tempo, que as coisas tornam-se indefinidas como não poderiam ser. Preciso ir ler um livro, e deixar que se explodam as minas subterrâneas que habitam meu coração... Subjetivamente explodam-se.

segunda-feira, dezembro 26, 2005

F.

Muito Pouco
Maria Rita
Composição: moska
Pronto
Agora que voltou tudo ao normal
Talvez você consiga ser menos rei
E um pouco mais real
Esqueça
As horas nunca andam para trás
Todo dia é dia de aprender um pouco
Do muito que a vida trás.
Mas muito pra mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louca
Não sei mais do que sou capaz
Gritando pra não ficar rouca
Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
E pouco eu não quero (mais)
Chega!Não me condene pelo seu penar
Pesos e medidas não servem
Pra ninguém poder nos comparar
Por que
Eu não pertenço ao mesmo lugar
Em que você se afunda tão raso
Não dá nem pra tentar te salvar...veja
A qualidade está inferior
E não é a quantidade que faz
A estrutura de um grande amor
Simplesmente seja
O que você julgar ser o melhor
Mas lembre-se que tudo que começa com muito
Pode acabar muito pior

domingo, dezembro 25, 2005

desabafo...

Que a intensidade que eu preciso para viver, me dê um pouco de sanidade para aceitar o cotidiano e a realidade...

eu, assim, eu...

Para mim é dificil demais ser pela metade. Me coloca nos extremos que eu sou feliz assim. Qualquer dia eu perco a vergonha e pergunto para minha mãe se eu sou filha de um orgasmo multiplo. O que pode não ser a resposta, mas quem sabe uma explicação... Santa pretensão!

Luzes...Feliz natal

Como é o natal na terra do nunca? Nunca acaba aquela ansiedade para abrir os presentes? Nunca acaba aquele brilho nos olhos de quem acabou de montar a àrvore? Nunca acaba o nariz torto para aquelas comidas tão complicadas? Nunca acaba o mistério de quem colocou a cebola dentro do peru? Nunca termina a interminável missa do galo? Nunca apagam aquelas luzes que você colocou. O natal era festa e hoje é saudade. Incrível como as lembranças moram no momento... e momento melhor não tinha do que ver essa época chegar. Eram todas as suas invenções... que acabavam rodando com o gelo, num copo de wisky. E nunca mais eu fui tão feliz. E sinto a falta da paz dos teus olhos azuis. Silenciosos olhos azuis. Vô. Do tamanho de um abraço. Jorge. Andiamo.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Diferenças

Há quantas o amor suporta tanta (in)diferença?
Resposta: Angústia.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

sobre as pequenas coisas

Desde que me encontro nessa nova dinâmica de abstrair tantos projetos, tenho me dedicado a desvendar a vida pelas pequenas coisas. É um exercício interessante, que exige um pouco mais de compaixão e observação da nossa parte. As vezes é bem dificil... quando se abandona qualquer espécie de projeto de grande felicidade futura, você é obrigado a descobrir a vida nas pequenas coisas. As vinte e quatro horas do dia são um pouco mais longas assim. Nas pequenas coisas mora toda a simplicidade do mundo. Aquilo que de tão pequeno as palavras calam facilmente. Porque até as palavras são grandes demais para fotografar o que a vida tem de menor e mais bonito. Sem projetos sou pequena. Mas não menos instigada. Ver o que há de menor em tudo, entrega uma nova intensidade a vida. Uma intensidade que facilmente vai ser rechaçada nesse mundo de coisas tão grandes e complexas... a vida é simples.

terça-feira, dezembro 13, 2005

Dizeres

Há muito dizer quando não se diz nada. Dificil é entender aquilo que não se diz. Quando sempre o que se diz espera uma resposta aqui de dentro. E aqui, por dentro, tem metade que quer calar, metade que quer ouvir. Mas dói. Os quereres não são os mesmos. Os dizeres não são os mesmos. Muito se fala ainda calado. Não digo. Porque falo mais quando não falo. Quero sem querer. E não quero dizer.

sábado, dezembro 10, 2005

As asas

Sabe ali? Logo ali, entre as costelas e o coração, onde ficam guardadas as nossas asas e onde gelam todos os pavores... Ali, logo ali, onde me desfaço em mil, e me encontro em nada, sabe-se lá procurando o quê. Ando assim, ultimamente, procurando sem saber o quê. Guardei as asas. Logo ali. Entre as costelas e o coração. Perdi a calma nas costas. Corri longe da ilusão. Me trancafiei no mundo pequeno e metafisico chamado cotidiano. Aprendi a felicidade dinâmica que acontece, brutalmente com o dia que amanhece. Esqueci a poesia, escondida logo ali. Ando por milhões de passos no meu mundo, o mesmo mundo que se repete. E todas as aflições da alma que vem, não há espaços para os sonhos, ainda que seja preciso sonhar. Você. Você que não entende a minha intensidade e a minha vontade é partir. Partir para encontra sabe se lá o que. Eu quero a paz de todas as asas, que nos fazem fortes mas nunca felizes. Voar cansa. Amar machuca. Perder amadurece. Viver envelhece. Encaro o dia seguinte então. Para esse microcosmo, que é tão pequeno diante de tanta inspiração. Eu preciso de paixão, mas guardei as asas, ali, logo ali, entre as costelas e o coração. Procuro a paz nas costas. Vivo com os pés, sem a cabeça. Sem asas. Corro dentro de mim, então.

terça-feira, dezembro 06, 2005

Divórcio

Lembro que tudo começou com uma paixão. Como tudo começa. Uma sensação intensa de expectativas que fluem em cores. Lembro-me de todo o futuro que me proporcionava, perdida em seus braços, para sempre. Para sempre é uma palavra incomensurável que ganha sentido em todos os nossos sonhos. Nada é para sempre senão eles. E tudo era fruto inteiramente de algo leve, como um sorriso, bonito e quente, era nada além de uma paixão. Que tentou se transformar em amor e durante um tempo assim permaneceu. Desgostou-se na rotina, envelheceu. Mas como todos os amores que superam barreiras juntas, sobrevivemos. Durante um tempo assim. Até que um dia amor acabou, desgastado em tanta realidade. Não houve mais sonho e mais futuro. Somente realidade. Realidade que amor nenhum suporta. Pesada realidade que se desfez em tantos projetos. Éramos grandes quando nos conhecemos e hoje somos só mais um. Acabou a crença daquilo que nos fazia forte. As bocas se encheram de espuma, porque não havia mais o que dizer. Da vontade cotidiana de colocar fogo em tudo e vir contigo, sobrou a resignação calada de quem não sonha mais. Suportamos-nos porque criamos laços de dependência, embora não exista mais amor. Você não comporta mais meus sonhos. Eu não comporto mais seus anseios. Ficamos juntos pela resignação das bocas de espuma. Pela simples dependência. E vivemos este divórcio que comporta o vazio da rotina, o descompasso dos desejos e a solidão. Eu e você. Faculdade de direito.

sábado, dezembro 03, 2005

Fotografia

Para mim demorou. Tem gente que entende como se fosse ontem. Mas para mim demorou. Ex namorado foi substantivo indefinido, incabível no meu dicionário, durante um tempo. Explicar para mim mesma, que um dia tudo aquilo que podia ser não foi, foi uma tragetória, um caminho árduo e dolorido que questionei durante muito tempo. Porque o amor consome. E quando acaba, de repente sem muita explicação, é dificl concluir, tocar a vida, entender. Principalmente quando se precisa de um ponto final para começar o próximo parágrafo. E o paragrafo não termina com um substantivo indefinido. Amar verbo intransitivo.
Fiquei muito tempo rodando em circulos tentando atribuir um sentido a esse substantivo "ex namorado"... Porque o cara não é seu amigo, não é seu amor, não é nada, mas um dia pode ter sido tudo. É uma fotografia. Conversando com uma amiga, voltando de uma pizza com tricô,chegamos à essa conclusão. Na nossa prolixa e nova gramática: ex namorado é uma fotografia.
Entendi isso num olhar. Depois de muito tempo quando o encontrei com um copo de suco de maracujá. As palavras não faltavam. Só não havia mais o que dizer. Não senti raiva ou gratidão do passado. Não senti saudades ou nostalgia.Experimentei a sensação de dar um outro significado, traduzir dentro de mim uma outra sintonia. Simplesmente soube que ele existia, jamais se apagaria, faria parte eternamente da minha história e de mim. Uma fotografia. Dessas que guardam tantos momentos resumidos em muitas cores. Cores que não mais significam, mas de certa forma sempre existirão. Quando não existe mais a indiferença, nem a raiva, nem o amor, nem o carinho, nem o sonho, nem a vontade de estar junto. É só mais uma pessoa ali estatica na sua frente, sobrevem uma tranquilidade. Tranqulidade de que o amor acaba e a gente sobrevive.