domingo, novembro 30, 2008

Aos vinte e seis...

Aos vinte e seis anos você já se tornou intolerante o suficiente para beber cerveja quente no bar da moda.
Aos vinte e seis anos você já sabe que enfrentar uma balada em plena segunda feira pode custar caro durante toda a semana. Mas você ainda insiste em fazer algo do tipo, só para negar que ficar velho e cansado faz parte da brincadeira.
Aos vinte e seis anos, você já sabe que amor e sexo nem sempre dormem na mesma cama. Mas às vezes você se confunde só para ter mais emoção.
Aos vinte e seis anos você sabe que não encontrou o emprego da sua vida, faz cagadas por se achar muito experiente, mas dorme mais tranqüilo por saber que as coisas acontecem com o tempo e necessitam de dedicação.
Aos vinte e seis anos você sabe que o mundo evoluiu muito, mas ainda não inventaram nada tão foda quanto Beattles.
Aos vinte e seis anos você tem muitas dúvidas. E a maior delas é se você já amou realmente alguém na vida.
Aos vinte e seis anos, todo mundo quer ser independente. Mas já sabe que pedir ajuda, muitas vezes, é necessário.
Aos vinte e seis anos a sua liberdade é sonhada no limite do seu salário e baseada em alguma realidade.
Aos vinte e seis anos você já sabe que não vai mudar o mundo, então decide por uma empreitada mais justa, como tentar mudar a si mesmo esperando que isso faça bem ao mundo.
Aos vinte e seis anos, todo mundo tem medo de casar. Mas acredita que o amor deve sempre ocupar planos futuros.
Aos vinte e seis anos você sabe que nada melhor do que um boteco com os amigos para que a vida tenha algum sentido.
Aos vinte e seis anos, você acredita que as coisas que seus pais lhe diziam podem ter mesmo alguma semelhança com aquilo que se identifica como verdade.
Aos vinte e seis anos, você conhece mais de perto as conseqüências. E por essa razão simples, você entende que o futuro não é o melhor lugar para se depositar seus melhores dias. Nem os seus melhores sonhos.

sexta-feira, novembro 07, 2008

Eu mereço

(Tudo azul/ No céu desbotado/ E a alma lavada/ Sem ter onde secar/ Eu corro/ Eu berro/ Nem dopante me dopa/ A vida me endoida/ Eu mereço um lugar ao sol/ Eu mereço... Cazuza – Carente Profissional)

O triângulo soa. O triângulo sua. E a zabumba chama, para que então os corpos tomem a pista e falem por si.
Não é preciso palavras. Só é preciso um pouco de cerveja gelada, para evitar que o corpo derreta por inteiro. E nesse espetáculo de sinais, meus pés correspondem, celebrando um maravilhoso frenesi.
Eu rodopio. Eu danço. Eu faço. Passo de braço em braço, mas não paro de rodar em mim. E assim mesmo, eu me refaço e me desfaço, em um mesmo compasso. Já não tenho mais saudades de ti. (E sequer preciso.)
Minha vontade é apenas de me entregar a vida que pulsa lá fora. Por que regar com lágrimas aquilo que morre aqui dentro?
Talvez a vida só precise de uma sapatilha com solas de plástico, para que possa escorregar de maneira vadia por uma noite sem estrelas.
O resto é aquilo que a gente se deixa merecer.