domingo, setembro 03, 2006

Helgolândia, 2 de setembro

ATA DE CONCLUSÕES EXTRAORDINÁRIAS

"Chico Buarque não é um homem. É um deus."

( "Eu não sei bem com certeza porque foi que um belo dia
Quem brincava de princesa acostumou na fantasia" - Quem te viu, quem te vê)

sexta-feira, setembro 01, 2006

O dia em que eu chorei vendo a chuva

Desliguei o telefone renunciando os meus dias de ansiedade, para respirar tranqüilamente e recuperar a minha calma, o meu espaço. Olhei de volta e meu mundo que continuava ali, com os mesmos trabalhos se multiplicando sobre a mesa, já me pedia para que eu abandonasse meu coração e voltasse a viver. E voltei.
Quando eu deixei você ir, ainda que eu não quisesse, ainda que eu resistisse, ainda que eu sonhasse, abandonei o teu sorriso para recuperar a minha paz. Essa mesma que você me tirou em um piscar de olhos, quando eu achava que tudo em mim já era tão meu, que ninguém jamais tiraria. Mas você tirou o meu sossego, tão logo o reconheci fácil no teu sono e no teu abraço. E o meu desejo, foi só do teu beijo. Tão rápido chegou, tão rápido partiu.
E enquanto você ia, algumas lágrimas chegavam, não sei se de tristeza ou de felicidade. Ainda que meu coração sentisse a perda, eu sorria por senti-lo ainda cheio. Porque ando olhando as pessoas e seus passados com a humildade daquilo que não nos pertence. E o que me pertencia, ali, partindo na janela do trem da paixão, era apenas aquele sentimento intenso que agora eu guardava na mala, para viver outras coisas.
Foi nesse dia em que eu me senti a pessoa mais sozinha do mundo. Nesse dia eu me senti a pessoa mais livre do mundo. Por saber que todas as pessoas que passam nas nossas vidas acabam nos transformando, deixando algumas marcas. E por compreender que ainda que essas marcas fiquem, colorindo a nossa vontade insana de respirar continuamente, as pessoas sempre vão.
Olhei para a dor com um pouco mais de carinho, pois diante dos meus olhos era só mais um desencontro. Desses que acontecem aos montes por aí.
Mas eu ainda sorria pelo fato dele ter sido um encontro e um momento inexplicável de arte.
Foi o dia em que vi o amor sem poesia, para me perguntar se a gente deve compreendê-lo ou esquecê-lo, por ele nos dar e nos tirar tanta vida.