quarta-feira, maio 16, 2007

Talvez

Vamos lá. Qual é o problema? Eu sei que você pode. Não me deixe aqui de joelhos sobre a indecisão. Me dê um sim ou me dê um não. Mas me tira do talvez.
Vamos lá? Qual é o problema? Não agüento mais conviver com todos os anjos e demônios que habitam dentro de mim. Brincando com a esperança e o medo, a todo segundo.
Vamos lá. Qual é o problema? Puxa logo a cera quente da minha virilha. Arranca de vez o band-aid. Aplique a injeção. É um sim ou é um não. Não pode ser tão difícil assim.
Transforma o meu ultimo suspiro em um grito de alegria. Ou me dê a chance de chorar, o quanto eu quiser, todos os dias.
Me dê um sim. Me dê um não, qual é o problema?
Me deixe deitar sobre a cruz dos meus calvários. Me deixe sorrir boba de felicidade. Mas por favor, um sim ou um não.
Me deixe sentindo a ultima das ultimas. Me deixe ter um pouco de paz.
Eu quero chorar a perda. Eu quero velar os mortos. Eu quero um dia seguinte.
Eu quero chorar de felicidade. Eu quero acordar amanhã e ter outra vida. Eu quero um dia seguinte.
Mas um dia seguinte para eu cair ou para levantar.
Vamos lá. Qual é o problema? Me dê um sim. Me de um não. Ou me de qualquer coisa que alivie o desespero.

terça-feira, maio 15, 2007

Crescer

Alguns dias em que o sol aparece menos tímido na janela, é possível olhar para tudo o que ainda sou e acreditar que existem possibilidades. Mas diante do vazio, meu pijama é uma camisa de força que me prende a minha própria cama quando não quero mais pensar. Embora eu pense em todos os sonhos que fui, enquanto a comida estraga na geladeira.
Não tenho fome, não tenho vontade, mas tenho fé. E um pouco dela me faz sentir alguém, quando já não sinto nada. Um pouco dela me faz correr atrás do próximo ônibus para não me atrasar para a outra entrevista. Um pouco dela me faz crer que é possível ser grande quando se aceita ser pequena.
E é preciso ter força. É preciso ter força para desviar dos medos que te beliscam o umbigo. É preciso ter força para acreditar que tudo isso é passageiro. Mas ainda resta uma nuvem negra de angústia que se perpetua no horizonte.E por mais um dia me sinto uma miserável chorando meus medos na sarjeta.
Diante daquilo que não posso mudar, coloco os pés descalços sobre o asfalto e sigo. Guardo meus sonhos na bolsa, como um antídoto para todas essas feridas. Sei apenas que preciso ir; embora eu não saiba como chegar.
A bússola que procuro no peito é o motivo desse leve desespero, que eu deixo tão bonito, costurando tristeza nas minhas palavras.
Mas podem continuar a me derrubar. Há tempos que levantar já se tornou rotina e deixou de ser arte.