quinta-feira, maio 18, 2006

Violência

Essa cidade que dormiu no colo do medo acordou em pânico quando se deu conta de que não havia ônibus para trabalhar. E seu ritmo febricitante, agonizado no andar apressado das suas ruas, substituiu uma paisagem de abandono. No dia em que todos nós mitigamos nossa liberdade no transito que não andou. No dia em que o medo assumiu todas as formas de poder, e andávamos acuados sem armas e sem proteção. E aquele Estado Paralelo que tanto se falava, rompia suas fronteiras, no dia em que todos nos fomos mais cedo para casa. Compulsoriamente.
E a violência da sua força bruta, que transparece nesses prédios gigantes, foi substituída pela violência do silêncio. Silêncio do corpo frio que experimentou a terra com o coração dilacerado a balas. Eram lágrimas. Dos mocinhos e dos bandidos. Que somos todos nós. Cúmplices.
No dia em que o abismo social se tornou tão raso, que não podíamos nos afundar mais em nossa hipocrisia. Experimentamos o medo e uma cidade vazia.

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