segunda-feira, março 06, 2006

Um grande amor e um grande time

Nasci corinthiana. Por herança de um avô que mal conheci. Dele só me sobraram as histórias e uma curiosidade louca de ter presenciado um pouquinho da sua existência . Meu pai conta que ele era corinthiano fanático, desses de ir ao estádio, acompanhar o time e tudo mais. E por conta dessas histórias que me acostumei a ouvir, não me lembro da existência de outro time, até meu irmão mais novo nascer. Não se sabe por qual descuido genético, o caçula nasceu são paulino. Desses fanáticos, que driblavam a bola e falavam o nome do zagueiro do tricolor. E não havia São Jorge que o transformasse em corinthiano. O caçula é são paulino.Mas, ainda que o entrave futebolístico se instalasse no coração da minha família, continuei corinthiana, mesmo que fosse só para provocar o menorzinho. Só reconheci paixão no time a primeira vez que vi o Viola marcar um gol e dançar no campo. Achei aquilo o máximo, e, motivo maior não existiria para confirmar minha genética. Aprendi a torcer, só para ver ele dançar no campo a cada gol. Virei assim corinthiana por paixão.Na minha casa mulher não gosta de futebol, é quase uma regra. Minha avó conta que o futebol foi a desgraça que impediu minha tia casar. Segundo ela, a paixão da minha tia pelo Guarani afastou uma série de pretendentes. Uma mulher que gostava de futebol naquela época era uma aberração. Por isso ela não casou, embora continue fiel ao Guarani até os dias de hoje.Mas contrariei as expectativas. Nasci corinthiana fazer o quê?Acontece que por um descuido da paixão, me iludi por um novo moço e por um outro time. É um pouco desse zelo que a feminilidade acaba nos legando. Renunciamos um pouco do nosso espaço para cuidar do coração alheio. E como eu sabia que ele quase enfartava com um jogo do São Paulo, pensei em torcer para o time, numa tentativa frustrada de proteger o meu amado de seus ataques histéricos.Mas a paixão acaba e o amor azeda. O moço foi embora, num dia em que eu me irritei com o seu descaso. Levando sua bandeira e um pedaço do meu coração. Ai veio a tristeza atropelando todas as lembranças. Fiquei mais corinthiana do que nunca! Dessas raivosas que deseja ver o time alheio perder. Só pelo sarcasmo do sentimento que move uma paixão decepada. Sim, levantei bandeiras, tirei a camisa do armário e me redimi. Corinthiana de pele. Não mexam comigo! O amor acabou, a raiva passou, precisava resgatar meu lado corinthiana de pequena.Ontem fui ao estádio, me conciliar com meu time. Pedi perdão silenciosamente por ter pensado em abandoná-lo por uma paixão que passou. E logo que a rede chocou com o gol do Nilmar, vibrei junto e saudei com a fiel o “todo poderoso timão”. Gritei, sofri, vibrei e quase chorei com o gol do empate, marcado ao 2 minutos do final. Foi uma zica. Um balde de água fria... Justo na primeira vez que fui ao estádio!Não importa. Sai do Pacaembú corinthiana novamente. De alma lavada e com o sentimento preenchido. Devota do santo guerreiro e do melhor time do Brasil. E sem medo que as premonições da minha avó se confirmem. Talvez a paixão pelo time afaste a paixão por alguns homens e quem sabe meu fim seja o mesmo da minha tia. Não tem problema. Pois um grande time não se troca por um grande amor. Ainda mais quando seu grande amor também é um grande time.

3 comentários:

Rafael Pieroni disse...

ÔÔôô Todo poderoso Timão!!!!!
Demais! Lindo de morrer! Beijo!

Guilherme disse...

Beijos de um são paulino de escorpião

RockRocha disse...

Sinto-me muito feliz por ter ajudado, de alguma forma, uma Corinthiana a não se desviar do caminho. Agora, continue cultivando seu amor por nosso time, você nunca se arrependerá!!!
Ah, e se para isso precisar de uma companhia, é só avisar...
Beijos
Doug

Ps: cadastrei nesse tal de blog só para poder escrever esse comentário!