Continuei escrevendo. Em linhas certas e ao mesmo tempo duvidosas. Escrevia pelo meu inconformismo de morrer todos os dias, um pouco, no trânsito estático. Escrevia para respirar alguma sobriedade além desse ar poluído. Escrevia pelos amores que não podia viver e pelos que precisavam morrer. escrevia para desafiar o sono, o cansaço e a minha incompatibilidade com a lógica do relógio. Escrevia o encantamento sobre o papel branco que carrega em si a única liberdade realmente absoluta. Escrevia para me sentir, para não ser mais uma, sonhando na estação do trem. Escrevia para não ser engolida pelo vencimento das minhas contas, para não ser hinotizada com os juros do cartão. Escrevia porque o meu silêncio não me bastava e ao mesmo tempo o meu grito não me continha. Escrevia para seduzir o escuro. escrevia para negar a cegueira conduzida pelo cotidiano. Escrevia pela imortalidade da suadade. Escrevia pela música dos teclados. escrevia pela solidão que vive no óbvio da vida.Escrevia quando me faltava ar. Escrevia porque os músicos tocavam, porque os pintores pintavam e porque os poetas diziam. Escrevia para me desgrudar do óbvio e da preguiça. Escrevia para aquecer a alma, para escutar dentro. Escrevia por meditação. Escrevia pela vontade de perder a vontade, que é sempre uma insensatez. Escrevia pela loucura sufocada nas minhas meias calças. Escrevia porque era maior do que eu: feito fome, libido, sede e vontade de fazer xixi. Escrevia para me libertar dos padrões dos relatórios. Escrevia por me apaixonar pelas palavras. Escrevia por que meus irmãos corriam dentro de mim, pelas coisas mais importantes da vida. Escrevia por desobediência.
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