segunda-feira, novembro 30, 2009

Aos vinte e sete...

Aos vinte e sete anos eu seguro a vida nos dentes, rangendo-os com força para que meus sonhos não escapem. Não quero deixá-los amadurecendo na lógica mecânica, onde se listam as tarefas, onde se vencem as contas, onde se consomem as horas. Não quero me deixar consumida pelo tempo que não controlo. Apenas vivo de um jeito tão intenso que nem mesmo caibo em mim. Preciso da inconstância do mundo. Me apaixono por ela todos os dias.
Mas aos vinte e sete anos, não me jogo mais em abismos. Chego até a medir as paredes para compreender a profundidade. O resto é prática. Exercício incômodo daquilo que já sei lidar... por isso, admiro mais as surpresas.
Aos vinte e sete me restam as madrugadas para viver o que é incerto. Gosto de me resgatar nesses momentos, em que lamento pelo dia ser terrivelmente finito.
Aos vinte e sete divido meus bons vinhos, com meus bons amigos. E boas conversas com algumas cervejas. Acho que o melhor da vida esta mesmo nesses momentos.
Aos vinte e sete anos eu seguro a vida nos dentes. Acho que é assim que tem que ser. Eu vivo de incertezas certas.

Um comentário:

Blog da Bruna disse...

Isto é realmente lindo! apesar do tom solitário tem o ritmo de alguém que finalmente descobriu o caminho para caminhar com tranquilidade sobre seus vintesete anos, e além deles.
Querida Helga, vc é uma pessoa muito especial. Olhe para dentro de vc e creia que sim.....