domingo, abril 29, 2007

Mãe

Inesperado como tudo o que é sincero, agora me surpreendo com a capacidade de conviver contigo, cotidianamente. E agradeço o seu zelo, de me acolchoar o mundo quando ele acaba de se mostrar um lugar tão pedregoso. E, por isso, levo teu sorriso na bolsa, para aliviar meu desespero.
Você, que sempre me dá um pedaço de chão assim que meu mundo cai. Você que me desaprova com a força mais bruta, me fazendo sentir vergonha de desistir. Você e seus olhos azuis.
Somos diferentes. Como não haveria de ser? Questionamos as nossas felicidades, porque sabemos dos caminhos que nos levam a alegrias divergentes. E insistimos em brigar no café da manhã.
Mas ainda que a crueldade das palavras nos deixe nuas diante de nossas diferenças, eu agradeço, acima de tudo à sua feminilidade. Agradeço ao pedaço de chão que você me empresta, para pisar descalça sobre tudo o que ainda dói. Agradeço ao olhar irascível lançado brutamente para que eu sinta vergonha de ter medo.
Te amo. Te amo como se ama aquilo que lhe é diferente. E contigo aprendo, todo dia, um pouco mais.
Te amo porque contigo aprendi a sonhar, pelo mundo aconchegante que você me ensinou a ter, dentro dos teus olhos.

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