"Amo também o balé jurídico da impunidade. Assim que se pega o gatuno, ali, na boca da cumbuca, ali, na hora da mão grande, surgem logo os advogados, com ternos brilhantes, sisudos semblantes, liminares na cinta, cínica serenidade de cafajestes e, por trás deles, vemos as faculdades malfeitas, as chicaninhas decoradas, os diplomas comprados.
E logo acorrem os juízes das comarcas amigas, que dão liminares e mandados de segurança de madrugada, de pijama, no sólido apadrinhamento oligárquico, na cordialidade forense e freguesa, feita de protelações, desaforamentos, instâncias infinitas, até o momento em que surge um juíz decente e jovem, que condena alguém e é logo chamado de "exibicionista"...
(Arnaldo Jabor, "Adoro sepulcros caiados e lágrimas de crocodilo", in "Amor é prosa, sexo é poesia")
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