Acordei. Pensei duas vezes no que faria. Tinha centenas de estratégias para os minutos passarem rápido. Mas a preguiça era tanta que a forma mais fácil, de acelerar o relógio do tempo, era virar para o lado e dormir mais um pouco. Acordar tarde, como toda pessoa que precisa de férias poderia fazer. Cultuar meu lado inútil, esquecendo na insensatez o terrível significado dessa quase doença: improdutividade. Santa improdutividade! Rolar na cama. Ver o tempo passar e não ter nenhuma conclusão sobre o que é, o que pode ser ou o que será. Mas levantei. Levantei para correr . É minha maneira lúdica de escorrer no mesmo suor aquilo que incomoda.Fiz meu almoço, que queimou. Perdi a fome. Coloquei uma música triste no ônibus e procurei um ponto bonito na paisagem. Essa mesma paisagem que passeia pelos meus olhos diariamente.Solidão foi inevitável. Um pouco de melancolia, que marejava os pequenos olhos. Sem entender muito essa condição de as vezes ter tanto e se sentir sem nada, segui.A minha tristeza é a minha admiração nas pequenas coisas da vida. Me apego aos detalhes e depois que as coisas vão é difícil transformá-los em lembrança. A saudade sempre fica nessas pequenas coisas. Nos menores trejeitos do olhar de uma pessoa. No timbre da voz. Que não ecoa nessa realidade vazia. O que eu tenho agora senão saudades? Saudades do que foi, ou saudades do que não vai voltar. E me apego a outras pequenas coisas então. Como a paisagem diária do ônibus. Que um dia também sentirei saudades. Nessa eterna saga de viver e deixar viver. Para depois ir.Me entrego na ausência de você, que habita um micro cosmo do meu dia. E sinto saudades do seu jeito.É aquilo que incomoda por dentro. E não sei dizer.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário