sexta-feira, maio 17, 2013
Fogo na floresta
terça-feira, dezembro 11, 2012
Olhos
sábado, agosto 04, 2012
Brinquedo
quarta-feira, fevereiro 22, 2012
Frestas da realidade
"Tem sido assim meus dias. Sou mais feliz que 97,6% da humanidade, nas contas do professor Schiamberg. Faço parte de uma ínfima minoria, integrada de monges trapistas, alguns matemáticos, noviças abobadas e uns poucos artistas, gente conservada na calda da mansidão à custa de poesia ou barbitúricos.Um clube de dementes de categorias variadas, malucos de diversos calibres. Gente esquisita, que vive alheia as frestas da realidade. Só assim conseguem se entregar por inteiro àquilo que consagram como objeto de culto e devoção. Para viver num estado de excitação constante, confinados num território particular, incandescente, vedado aos demais. Uma reserva de sonho contra tudo que não é doce, sutil ou sereno. É o mais próximo da felicidade que podemos experimentar, sustenta Schianberg.
Não sei que nome você daria a isso.
Bem, não importa muito, chame do que quiser.
Eu chamo de amor."
("Eu ouviria as piores notícias dos seus lindos lábios", Marçal Aquino)
sexta-feira, dezembro 16, 2011
Sem afeto (eu nunca te prometi nada)
Por favor:
Procure as cabras,
Procure as putas,
Procure as mãos,
Procure a solidão.
Essa mesma de outros buracos onde você também se enfia.
De um desejo que em si, por si, se acaba. E se consome.
Sem vínculos e sem medo.
Então não se prometa.Sequer se comprometa.
Em gestos ou palavras, ainda quentes e sussurradas ao pé do ouvido.
Mas, por favor:
Se for para ser sem afeto,
Só não procure,
Passe reto,
Do coração de qualquer mulher.
domingo, agosto 21, 2011
Hell (o inferno somos nós mesmos)
A tarde ia pela janela. Meus olhos não se cansavam de ver prédios. Prédios e mais prédios, incessante paisagem. No banco de trás, um passageiro mascava chicletes no mesmo ritmo de um ponteiro de relógio. Eu tentava ler um livro em vão, mas o calor tornava o ar pesado demais e minha concentração desistia a cada vez que meu vizinho abria a boca. O som vicioso da saliva rodando na boca do moço se sobressaia ao som da rua. Fechei o livro e deixei meus pensamentos se perderem naquela paisagem cinza, naturalmente urbana. Foi no ponto seguinte que ela subiu. Lembro-me de ter parado para prestar a atenção nela quando sorriu em agradecimento ao cobrador que lhe devolvia o troco da passagem. Ela tinha um sorriso muito bonito, claro no rosto, um nariz fino e os olhos bem pequenos. Sua pele era branca a ponto de serem visíveis algumas sardas e, neste detalhe, apesar das roupas sérias, reconhecia nela um ar de menina. Seus cabelos eram castanhos, levemente aloirados e suavemente compridos. Eram tão finos que lamentei não poder tocá-los, pois pareciam extremamente macios. Ela tinha os seios pequenos, os quadris fartos e as pernas absolutamente grossas, o que, naturalmente prendeu meu olhar, antes abandonado na janela. Do final da saia, que ficava bem no início do joelho, até o tornozelo suas pernas eram deliciosamente grossas.
Não queria que ela me percebesse, mas ao mesmo tempo meus olhos já não tinham razão. Eles ficavam ali estáticos sobre aquelas pernas cobertas por uma fina meia calça preta. Ela notou que eu lhe grudara as retinas e, como havia um lugar vago ao meu lado, perdi a vergonha e cheguei a me afastar induzindo que ali tinha um espaço para ela. Mas ela desviou o olhar e sentou-se ao lado de uma senhora.
Logo puxou conversa e pude ver que ela era bastante espontânea. Parecia muito simpática e sorridente. Eu, como só consegui vê-la de costas, ficava feliz quando ela me presenteava com um perfil. Podia ver seu nariz fino, certeiro, e, por sorte, do banco onde estava, tinha uma vista quase privilegiada de seu grosso tornozelo. Ela falava com tanta certeza sobre a vida e sobre os fatos que me curvei levemente para saber o que tanto dizia. Havia muita sinceridade em suas palavras e às vezes constrangia a própria senhora com tantas perguntas. Ela parecia engraçada o que me fez simpatizar com sua figura, mas ao mesmo tempo, sem muita certeza, me pareceu alguém um pouco instável.
Quando ela se levantou, o ônibus já havia cumprido metade de seu percurso. Me dei conta de que meu ponto havia ficado para trás há tempos, quando ela finalmente se despediu da senhora lhe dizendo seu nome: Helga. Eu, ainda hipnotizado em suas pernas suntuosas e roliças pensei: deve vir de "hell". Aquela mulher tornava o calor o meu inferno. Aquelas pernas, aquele jeito, tão sincero, tão espontâneo. Aquele pecado de meias pretas tão comportadas. Aquela inquietude, meio menina, meio mulher. Aquele olhar pequeno e incontido. Aquele dúbio. Aquele misterioso nariz fino. Aquele silêncio em meio aos meus pensamentos curiosos, que se despediam sem, ao menos, conhecê-la.
quarta-feira, junho 29, 2011
Trabalho
Computador
Com puta dor
Dor
Computa a dor
Multiplica o ardor
Computador
Dor
Puta dor
Computa a dor
Computador