quarta-feira, agosto 29, 2007

Vermelho

Confesso que te esperei. Sonhei contigo algumas vezes e, negando o meu orgulho bobo, confesso também que te paquerei de longe. Impossível e utópico. Você cabia nos meus sonhos.
E te digo que senti raiva nas tantas vezes que fui abandonada no mesmo ônibus lotado. Senti raiva nos dias que não pude contar com você para ir ao supermercado. Senti raiva nos dias em que fui sozinha para a balada e voltei de táxi.
Eu tive motivos sinceros para te desprezar, ou ao menos, fingir que nunca precisei de você. Tive motivos para dar as costas ao mundo, seguir a minha vida e levantar a mão para que o próximo ônibus parasse.
Sem você eu aprendi a odiar os dias se chuva. E sem você eu aprendi o quão terapêutico pode ser uma simples caminhada por umas sete quadras. Do bairro ou da vida.
Sem você eu aprendi sobre quase todas as ruas de São Paulo. Sem você eu aprendi que nem todos os caminhos são confiáveis.
Mas quando eu te vi absurdamente simpático e vermelho. Quando finalmente segurei a tua direção para traçar a minha direção. Quando eu ouvi o teu motor roncar pela primeira vez. Foi como se a vida me saltasse ao peito e todos os momentos sem você fossem apenas pequenas momentos ruins.
Quando eu senti o seu cheiro novo e finalmente pude ter velocidade, simplesmente eu me apaixonei.
Abençoadas sejam as suas quatro rodas!